Robôs com pele viva testam tecnologia avançada para medicina

Mikhail Nikolai
Por Mikhail Nikolai

Pesquisadores japoneses desenvolveram uma técnica inovadora para dotar robôs, humanoides ou não, com uma pele “viva” que se assemelha à pele humana. Michio Kawai e sua equipe da Universidade de Tóquio afirmam que essa nova pele proporciona uma aparência mais realista, maior mobilidade, capacidades de autocura e “sentidos robóticos” aprimorados, graças a sensores embutidos. As informações são do Site Inovação Tecnológica.

Embora robôs humanoides avançados ainda sejam raros, as descobertas podem beneficiar a indústria cosmética e auxiliar na formação de cirurgiões plásticos. Inspirada nos ligamentos da pele humana, a pele robótica é feita de células vivas, uma tecnologia apresentada pela equipe em 2022.

Técnica de Colagem Inovadora

O avanço significativo está na técnica de fixação da pele aos robôs, que utiliza perfurações especiais para firmar a camada de pele. Métodos anteriores, como miniâncoras ou ganchos, limitavam os tipos de superfícies que podiam receber a pele e causavam danos ao tecido durante o movimento.

Ao projetar pequenas perfurações, praticamente qualquer superfície pode ser revestida com a pele. A técnica envolve um gel de colágeno especial, naturalmente viscoso, que é introduzido nas perfurações usando um tratamento de plasma. Isso permite que o colágeno penetre nas estruturas finas das perfurações e mantenha a pele próxima à superfície.

“Durante pesquisas anteriores com um robô em forma de dedo coberto com tecido de pele que cultivamos em nosso laboratório, percebemos a necessidade de uma melhor adesão entre os detalhes do robô e a estrutura subcutânea da pele,” disse o professor Shoji Takeuchi.

“Ao imitar os ligamentos da pele humana e usar perfurações em forma de V em materiais sólidos, encontramos uma maneira de unir a pele a estruturas complexas. A flexibilidade natural da pele e o método de adesão forte permitem que a pele se mova com os componentes mecânicos do robô sem rasgar ou descascar,” completou Takeuchi.

A demonstração da pele robótica não é apenas um conceito; tem o potencial de revolucionar várias áreas da pesquisa médica. A ideia de “pele em um chip” pode ser útil em estudos sobre envelhecimento da pele, testes de cosméticos, procedimentos cirúrgicos e cirurgia plástica.

Experimentos com o conceito de “pele em um chip” já estão sendo realizados, criando feições humanas em materiais experimentais.

Pele Engenheirada com Sensores

Se sensores puderem ser incorporados à pele engenheirada, os robôs terão melhor consciência ambiental, interatividade aprimorada e capacidades mais seguras para interagir com humanos.

“Conseguimos replicar a aparência humana até certo ponto, criando um rosto com material e estrutura semelhantes aos humanos. Identificamos novos desafios, como a necessidade de rugas e uma epiderme mais espessa para uma aparência mais realista. Acreditamos que a criação de uma pele mais espessa e realista pode ser alcançada com a incorporação de glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas, poros, vasos sanguíneos, gordura e nervos,” explicou Takeuchi.

“O movimento também é crucial, então outro desafio importante é criar expressões humanas através da integração de atuadores sofisticados, ou músculos, dentro do robô. Criar robôs que possam se curar, sentir seu ambiente com mais precisão e executar tarefas com destreza humana é incrivelmente motivador,” concluiu Takeuchi.

As pesquisas em pele artificial para robôs não apenas avançam a tecnologia robótica, mas também oferecem novas oportunidades para a medicina, cosmética e treinamento cirúrgico. A inovação da Universidade de Tóquio representa um passo significativo em direção a robôs mais realistas e funcionalmente versáteis.

Share This Article
Leave a Comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *